Por detrás das respostas afirmativas revela-se: a vontade de fazer o melhor pelo seu filho, os conhecimentos acerca dos benefícios para o bebé e para a mãe do aleitamento materno, os sonhos de quem quer aqueles momentos de ternura só para si, as pressões sociais de ser uma mãe perfeita.
As respostas negativas carregam as histórias de outras mulheres – geralmente a mãe, amigas - que tiveram problemas físicos e emocionais neste processo, uma vontade estética de não sofrer danos colaterais nas mamas, enfim uma certeza de que nunca se imaginaram a dar a mama aos filhos. É uma decisão pessoal à qual os profissionais de saúde têm que respeitar e não devem tomar as rédeas da decisão em nome dos pais.
O processo de amamentar não se pode restringir ao acto mecânico de dar o alimento. É uma competência parental, sim não me enganei, inclui a mãe e o pai! Como tal exige adquirir ferramentas relacionais que permitam mãe e pai entrar em acção como uma equipa, não de montagem de preconceitos e mitos mas, de entre ajuda emocional e física. Todos os medos são lícitos: “o meu leite é fraco”, “acho que já não tenho leite”, “o bebé já não quer o meu peito”, enfim muitas historias pessoais onde é necessário apoiar a mãe. Escutar com respeito os seus receios frutos de muita dedicação, noites sem dormir, dias infinitos de cólicas do bebé, choros partilhados.
Dar espaço à mulher para ter um tempo para si, nem que seja meia hora por dia, dando-se ao luxo de um banho perfumado, um passeio à rua folgando os olhos nas montras, uma leitura pessoal ou uma sesta no silêncio da casa, um simples refastelar no sofá... podem ser belos presentes de nascimento que deviam fazer parte do enxoval do bebé para uma mãe saudável. Aceder a um site oficial sobre aleitamento, partilhar motivações e receios com outros pais em cursos de preparação do parto ou grupos de mães (Liga la leche), retirar dúvidas com o pediatra ou na ausência deste ligar para a linha 808242424 desmistifica e dá suporte ao casal.
No processo de amamentar o bebé é um elo activo. O recém nascido não traz livro de instruções mas traz um código de barras único que os pais irão descodificar cada dia que passam juntos em interacções à hora das refeições. Cada bebé irá mostrar o seu ritmo de sucção e de pausa, o tempo total da mamada, o intervalo médio entre as refeições, se precisa de arrotar, o seu ritmo intestinal, enfim um conjunto de informações muito úteis para os pais organizarem as suas rotinas alimentares.
Tal como com os nossos amigos o tempo das refeições é um tempo de socialização, também alimentar o bebé deve ser um tempo de trocas sensoriais, emocionais, onde pais e filhos se sentam confortavelmente e põem a conversa em dia sem culpabilizações parentais.